Sentava-se na pedra fria do caminho abandonado.
Só ele andava por ali, entre bichos e sementes,
que estranhavam a sua presença.
Sentia uma alma imensa,
naquela solidão de gente,
pelo meio dos bichos.
Como eles o compreendiam…
Como ele os compreendia…
E aquela admiração mútua foi crescendo
na frieza das pedras e nos soluços
que ecoavam de mansinho pelo caminho.
Passaram a ser a companhia
uns dos outros.
O homem ainda tentou mudar
de residência. Não lhe passaram
a licença…Não era ali uma zona
habitacional.
Não lhe tiraram a sorte…arranjou
um biscate daqueles…e fez-se à demanda
naquela brusquidão dos dias…
Só sossegava sentado na pedra fria
daquele caminho abandonado.
Tirava sementes daqui e dali.
Acrescentava algumas…
Só para ver o que dali se adivinhava.
Se os anos passarm…ele nem deu por nada!